10 janeiro 2007

Histórias da Bélgica.


Manneken pis, le petit gamin.

Antes de chegar a Bélgica, não imaginava que era tão grandiosa a tradição ao Manneken pis. Não passei, então, um dia se quer sem dar oi a ele. Estava como intrusa em seu país, nada mais educado que agradece-lo a hospitalidade. E sempre que podia lá estava eu. Contemplava seu figurino, irritava-me com os japoneses e suas câmeras digitais ultradesenvolvidas tecnologicamente e dizia educadamente: “Bonjour mon petit!”. Pode não parecer grande coisa, mas para mim ele representava realmente o espírito dos que vivem em Bruxelas (bruxelois).

Para quem não conhece o meu amigo belga, devo apresentar-lhe: é conhecido mundialmente por Manneken Pis! Localizado numa estreita ruela de Bruxelas (não tão longe da Grand Place), é uma estatueta de bronze de um menino “sem vergonha” que faz xixi para todos o fotografar. Uma tradição dos bruxelois é fantasia-lo cada dia com uma roupa especial. Me disseram que esse menininho sapeca sempre esta fantasiado, dependendo da época do ano ele fica fantasiado de Diables Rouge (seleção belga), de gay (durante uma parada gay), de soldado britânico, de bebedor de cerveja (inclusive esse dia ele urinava cerveja, um barato!), de euro (simm... nosso querido manneken é todo politizado!) e vários outros figurinos bem criativos!—sem contar as flores e os arranjos. É incrível a criatividade e humor belga (representado claramente pela originalidade da estatueta!).

O que realmente me motiva a escrever sobre essa estátua é a sua origem. Conversando com uma amiga, descobri que sabíamos o passado do pequeno monumento, mas contadas de maneiras diferentes. Segundo Manu, o Manneken ficou popularizado por ter feito xixi em cima de uma bomba e acabou assim com uma grande catástrofe que a mesma poderia ocasionar. Eu já tinha ouvido diversas histórias, uma, a mais simples, é a história de um menininho que perambulava pelas ruas de Bruxelas fazendo xixi em todas as esquinas (nada original, não?). Porém havia outras: que ele era um filho bastardo do rei, que era o próprio rei, que era filho de um duque e foi utilizado como mascote em uma batalha, e assim a imaginação belga atingido seu ápice e criaram-se inúmeras lendas sobre o “petit gamin”.

E fui além para descobrir o mistério que ronda pelas ruas da cidade (adooorrroooo desvendar casos...rs). Entrei em inúmeros sites que explicavam os monumentos turísticos de Bruxelas, e para ser sincera, nada de muito concreto encontrei. Na verdade a história do menininho é realmente um enigma, e é por essa razão que ele tornou-se o símbolo da cidade. Apesar disso encontrei dados que tornam essa história do Manneken realmente interessante (bom, eu que sou amiga do manneken achei!!).

Ele foi construído no séc XVII por Jérôme Duquesnoy. Segundo pesquisas existia, no começo do século, uma estatueta de pedra, no mesmo local do nosso querido manneken, que se chamava Petit Julien. Ela servia para dar água potável a população local e depois um tempo as autoridades da vila mandaram Jérôme cobri-la com bronze.Depois de feita, a pequena estátua passou por grandes aventuras. Durante os bombardeios à cidade, pelas tropas de Luis XIV, ela foi cuidadosamente protegida e depois que passou a guerra (que a Bélgica se deu bem!!) foi feita uma grande parada em homenagem ao célebre Menneken, e desde então a estátua só tem trazido muita sorte à população!

Muitas outras histórias já foram contadas a respeito do pequeno! É capaz que ele seja mais respeitado que o próprio rei, uma espécie de talismã belga! Eu, carinhosamente, criei o meu lado afetivo pelo pequeno. Poderia comprar a estatua com o duende de Amelie Poulin. Um pouco surreal, mas falou em Bélgica, lá está o Manneken em minha memória!